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INTRODUÇÃO

A informação ganhou tal nível de importância no nosso quotidiano que mereceu a honra de ser incluída numa designação frequentemente usada por políticos, sociólogos e tecnólogos para referir e caracterizar a actual situação da nossa sociedade – a sociedade da informação. Este aumento da importância da informação está sem sombra de dúvidas relacionado com o aparecimento do computador digital em meados do século XX e com a consequente evolução de tecnologias que, de forma integrada, recolhem, transformam, armazenam, transmitem e apresentam informação.

Este novo (tem cinquenta anos!) instrumento trouxe mudanças profundas ao nosso quotidiano, às relações entre as pessoas e entre as empresas, ao mundo dos negócios e do entretenimento. A facilidade com que hoje em dia podemos produzir, receber e enviar informação para qualquer ponto do globo fez aumentar drasticamente a quantidade de informação com que temos que lidar, a quantidade de informação necessária ao funcionamento das empresas, a quantidade de informação que tem que ser tratada, catalogada, armazenada e tornada acessível para que possa ter utilidade. A informação ganha novos contornos, liberta-se dos suportes a que tem estado presa, emerge como objecto renovado de interesse profissional e científico.

E se todas as actividades humanas foram afectadas por estas mudanças, as actividades profissionais mais directamente relacionadas com o processamento da informação foram-no particularmente. Novos instrumentos de trabalho, complexidade acrescida nas tarefas de organização e gestão da informação exigindo novos métodos de trabalho, questões relacionadas com o converter para o novo suporte a informação existente e com o garantir a perenidade dos suportes digitais, questões legais muitas delas já antigas mas com novos contornos e nova acuidade.

A ciência da informação emerge como enquadramento científico para o estudo da informação e para as actividades profissionais com ela relacionadas. Procura dar resposta às novas interrogações e problemas que a informação tem vindo a levantar em áreas muito diferentes e até há pouco tempo vistas como perfeitamente independentes.

Esta nova ciência da informação tem vindo assim a reclamar o seu espaço. Assumida como tal desde já há alguns anos em vários países, noutros países, como Portugal, a ciência da informação está ainda em fase embrionária. A sua afirmação é dificultada por razões diversas que vão desde a natural resistência à mudança de um paradigma até à complexidade resultante da multi e interdisciplinaridade da área. Com efeito, a Ciência da Informação tem recebido contributos de áreas tão diversas como as chamadas ciências documentais, mais directamente relacionadas com a arquivística e a biblioteconomia, a comunicação social, os sistemas de informação de gestão ou as tecnologias da informação.

Ciência ainda jovem e em formação, em Portugal a Ciência da Informação carece de estruturas que promovam o seu desenvolvimento, a sua disseminação e a sua afirmação. A formação pós-graduada, nomeadamente a nível de mestrado, é, pela sua natureza, de iniciação à investigação, um meio particularmente adequado para a prossecução daqueles objectivos.

A Universidade do Minho (UM) reúne condições excepcionais para albergar um projecto de pós-graduação nesta área. Possuindo especialistas interessados na informação e no seu estudo sediados em diversas escolas (e especialmente no Instituto de Ciências Sociais e na Escola de Engenharia) reúne os meios necessários à concretização de um curso que carece de abordagens plurais, multidisciplinares, interdisciplinares, adequadas a um campo do saber que, por natureza, é plural, multifacetado, e complexo.

A formação pós-graduada em "ciência da informação" contempla, entre outros aspectos, a natureza da informação, o seu tratamento e gestão, as suas fontes e respectivos âmbitos, os suportes e veículos, as tecnologias, as instituições e serviços constituídos em torno da informação, a problemática dos usos sociais e dos utilizadores/consumidores, a informação nas organizações e subsistemas sociais, as políticas de informação de âmbito nacional, europeu e internacional. A configuração da ciência da informação como objecto de estudo, com os aspectos e problemas de teor epistemológico, teórico e metodológico que suscita, são igualmente incluídos. Um curso de mestrado com estas características constitui-se naturalmente como reforço de um espaço de investigação em Ciência da Informação fundamental para o seu amadurecimento.